Alunos da EACH buscam resolver problemas da comunidade e aproximá-la do campus

Postado em 29 de novembro de 2017

Em 2016, Lucas Prestes, até então estudante de Gestão de Políticas Públicas na Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH/USP), junto a outros dois colegas, começou a desenvolver o Projeto Cidadania. Adentrando as ruas do Jardim Keralux/Vila Guaraciaba — comunidade vizinha à EACH, na zona leste da cidade São Paulo, os jovens tinham como primeiro objetivo levar informações sobre os direitos que aquela população possuía e talvez não conhecesse.

No lugar onde se instalava uma antiga indústria de cerâmicas — que dá nome ao jardim, hoje mora uma comunidade que conta com posto de saúde, acesso à estação de metrô, creche e escola municipal. No entanto, os problemas na região ainda são muitos, e o projeto dos estudantes busca amenizar essa situação.

“Com o Cidadania no cenário dos três poderes [Executivo, Legislativo e Judiciário], nosso objetivo era empoderar a comunidade com informação para que pudessem conhecer as instâncias, saber como funciona, a quem podem pedir e solicitar seus direitos”, comenta Prestes acerca da primeira iniciativa realizada.

Projeto leva jovens do Jardim Keralux para conhecer o campus da USP – Foto: Lucas Prestes

Neste ano, o projeto passou por uma reformulação. Pessoalmente, Prestes trocou o curso de Políticas Públicas por Ciências Sociais e o Cidadania virou Transcendendo Fronteiras, passando a contar com cinco integrantes e outros dois apoiadores.

Para além de informar a comunidade, os alunos, orientados pela professora Marta Assunção Rodrigues, começaram a elaborar encontros para debater cidadania, poder público e problemas da região como violência, segurança e saneamento básico.

Com tamanha proximidade à EACH, o projeto visa também a promover a integração do Keralux com a USP, ultrapassando o muro que separa os dois espaços e contribuindo para que a comunidade tenha acesso ao campus – o nome da iniciativa representa esse objetivo.

“Este ano, quando iniciamos o projeto, tínhamos ambição de integrar os alunos da escola municipal da comunidade em atividades internas, transcendendo as fronteiras e quebrando simbolicamente o muro que os separa da EACH”, explica Lucas. “Junto aos colegas, fomos atrás de algumas excursões e conseguimos levá-los ao campus diversas vezes para assistirem a palestras e apresentações feitas na Universidade.” Para o aluno, esse é o verdadeiro significado de um projeto de extensão.

Lixo: um grave problema

A aproximadamente 100 metros da entrada da EACH, em frente à Escola Annette Marlene Fernandes de Mello, há um ponto irregular de descarte de lixo. O local, de certa maneira abandonado e próximo a um córrego, segundo Prestes, recebe todo tipo de detrito —  pneus, cadeiras e sofás.

Apesar de caminhões da prefeitura passarem com frequência para limpar o local, diariamente é possível encontrar entulho despejado no muro em frente ao colégio.

Observando um problema em iminência, alunos do Transcendendo Fronteiras decidiram focar a questão do lixo com o objetivo de revitalizar o local de descarte. O ambiente na situação atual atrai animais que transmitem doenças e interferem no bem-estar da comunidade.

Com ajuda dos próprios moradores do Keralux, os estudantes responsáveis pelo projeto iniciaram um programa de conscientização na região sobre as consequências do descarte incorreto de lixo. Além disso, reuniram-se com os alunos da escola municipal para pensar ideias e mobilizar mão de obra capaz de revitalizar o muro perto de onde se acumulam os dejetos.

“O objetivo é construir um mural naquele lugar. Estamos indo ao colégio para promover oficinas de arte para os alunos. Em um futuro próximo, conseguiremos reavivar o muro”, explica Lucas.

Além da manifestação artística, a solução encontrada para o problema foi pleitear a instalação de um Ecoponto na entrada da EACH. Com isso, haveria um local apropriado para o descarte do lixo da comunidade e região. De mesma maneira, os detritos não ficariam mais na rua, em frente ao colégio.

A ideia já foi levada à subprefeitura da região l e à prefeitura do campus da USP — autoridades capazes de conseguirem a instalação do Ecoponto, mas até agora nada saiu do papel, apenas a vontade de construir um ambiente melhor para a vizinhança da EACH.

*Do Jornal da USP