Precisando de apoio? Conheça as atividades do Núcleo de Acolhimento Universitário (NAU) da EACH

Postado em 25 de agosto de 2020

Rodas de conversas temáticas, atendimentos individuais virtuais, orientações sobre redes de apoio à saúde. Esses são alguns dos serviços oferecidos pelo Núcleo de Acolhimento Universitário (NAU) da Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH/USP).

Implantado em agosto de 2019, o projeto da Comissão de Saúde e Bem-Estar da Escola já realizou 260 atendimentos e tem como objetivo ser um lugar de escuta para alunos, professores e funcionários que necessitam de acolhimento em momento de angústia, tristeza ou crise.

O trabalho é desenvolvido por uma equipe interdisciplinar de profissionais composta por assistentes sociais, estagiárias de Psicologia, técnicos-administrativos e conta com o apoio da psicóloga Kelly e de professoras da área da Psicologia que trabalham na EACH.

A professora Bete Franco, coordenadora da Comissão de Saúde e do NAU, explica a origem e a proposta do Núcleo:

“O NAU é um trabalho que surge a partir de necessidades ligadas à saúde mental que foram trazidas pela comunidade da EACH, que inclui mais de 5 mil pessoas, especialmente pelos(as) alunos(as). Tínhamos muita demanda,  poucos recursos na Escola, grande preocupação com a prevenção do suicídio e o entrelaçamento de questões de vida acadêmica e saúde mental. Com o apoio da Direção da EACH, os esforços da comissão de saúde e a disponibilidade das Assistentes Sociais da EACH e da psicóloga da UBAS, conseguimos constituir o núcleo e organizar um fluxo para o trabalho no interior da Escola.”

A professora comenta ainda que o NAU é um serviço de atendimento “portas abertas” que funciona das 9h30  às 21h, de segunda a sexta-feira. Qualquer pessoa da comunidade da EACH, que tenha demanda por escuta e acolhimento pode procurar o serviço. E a abertura envolve um conjunto de temáticas psicossociais como as dificuldades relacionais com amigos, família, escola, namorados(as), adoecimentos, depressão, ideação suicida, questões com álcool e drogas, violência sexual e de gênero, problemas acadêmicos, questões raciais, LGBTQI+ etc. O acolhimento não é uma psicoterapia, mas sim um espaço de escuta e cuidado que pode auxiliar no apoio emocional e na construção conjunta da busca de alternativas, inclusive no acesso à outras instâncias de ajuda (como referenciar para serviços de saúde por, exemplo).

NAU trata de um conjunto de temáticas psicossociais. Foto: Gerd Altmann/Pixabay

O trabalho é desenvolvido a partir do entrelaçamento e da construção coletiva com outros serviços, a professora explica o desenvolvimento do trabalho:

“Constituímos uma rede interna que está se mostrando efetiva, pois o Serviço Social faz acolhimento conosco e ainda oferece suporte para as questões de auxílios. Por sua vez, a psicóloga da UBAS também atua em parceria conosco e foca nas questões de promoção à saúde a partir de atividades coletivas, como grupo de teatro e vivência comunitária, além de realizar atendimentos ligados à queixa escolar. Também trabalhamos com a comissão de direitos humanos que apoia casos de violação de direitos. Ainda estimulamos a participação nas atividades corporais realizadas no ginásio. Nossa perspectiva é a de saúde integral, voltada para a promoção da saúde e o NAU é uma abertura para o cuidado de quem atravessa momentos difíceis. Estamos tentando criar e fortalecer uma cultura de cuidado e solidariedade em nossa Escola. Todas as pessoas precisam de cuidado, que é elemento da condição humana e passamos grande parte da vida neste espaço que é de trabalho e estudo.”

A professora também destaca que o apoio da Direção e a iniciativa de contratação de duas estagiárias foram fundamentais para o desenvolvimento do projeto, pois a Escola tem somente uma psicóloga (a psicóloga da UBAS) e duas assistentes sociais (ligadas à SAS) para pensar em alternativas de apoio em uma grande unidade com demandas variadas e complexas. Construir uma resposta institucional só foi possível em decorrência da vontade política da Direção para pensar alternativas para situações desafiadoras.

Nabi Oliveira, estudante de Gestão de Políticas Públicas, comenta que “a assistência universitária voltada à saúde mental do corpo discente emerge como agenda do movimento estudantil quando casos de suicídio e ansiedade se mostram recorrentes no ambiente universitário. Sem prejuízo de ações no tocante ao ensino-aprendizagem, que por sua vez carecem de implementação, o NAU, enquanto resposta da institucionalidade, está em sintonia com os desafios de tornar a USP mais acolhedora e preocupada conosco.”

Os atendimentos ocorrem de forma virtual durante a quarentena. Foto: Mohamed Hassan/Pixabay

Pelos relatos dos profissionais envolvidos, a experiência tem sido bem sucedida. A psicóloga Kelly Sobral da UBAS  trabalha em parceria com o  NAU e relata:

“O NAU é um braço importante na construção de uma política de cuidado na EACH, Ele amplia a responsabilização institucional pelo bem-estar da comunidade e amplia o pertencimento e consequentemente diminui a solidão. Os feedbacks têm sido quase sempre muito positivos, levando-se em considerações os limites de recursos humanos envolvidos. É uma equipe muito comprometida e colaborativa que traz uma sinergia incrível. Agora temos que avançar (creio que já estamos no caminho) para que as políticas de educação da EACH também priorizem cada vez mais as práticas que integrem cuidado e educação.”

A estagiária Thaily Costa Estácio, que iniciou suas atividades no primeiro dia do distanciamento social, comenta:

“O nome do NAU combina com o trabalho desenvolvido, pois realmente é um espaço de acolhimento. Na maioria dos atendimentos percebo que as pessoas aliviaram a tensão naquele instante. Às vezes por ideias que surgem no decorrer da conversa, como por exemplo, pensar na possibilidade de um e-mail para um(a) professor(a). Outras vezes o espaço permite que possam se sentir escutadas(os), na quase ausência da família, ou na sobrecarga com as matérias, outras vezes aparece a questão do suicídio, enfim, são diversas as situações nas quais as pessoas podem se sentir compreendidas e acolhidas. A Lu (outra estagiária) e eu não tivemos a experiência presencial, ainda, mas dá para perceber o quanto a vida das(os) estudantes está muito ligada à EACH e, em alguns casos, é lá que encontram refúgio para algumas questões da vida pessoal. Enquanto estudante de outra universidade, eu afirmo que gostaria de ter um serviço como o NAU na minha universidade. Este apoio nos aproxima e nos conforta, seria a sensação de ser acolhida mesmo.”

Esta percepção coincide com a visão dos alunos, a estudante RPV ao dar seu depoimento diz:

“Sou estudante de Obstetrícia e já recorri ao NAU por diversos motivos, um deles foi uma situação que vivenciamos em grupo, em que fomos completamente acolhidas e nos auxiliaram no decorrer da situação problema. Em tempos de (grande necessidade de) cuidado de saúde mental, é ótimo e necessário ter um espaço dentro da nossa EACH em que possamos ter apoio e suporte.”

NAU durante a pandemia

Com realização de atividades virtuais desde março, o projeto tem sido um importante aliado para dar suporte aos membros da Unidade durante a pandemia, atenuando sofrimentos e angústias que surgem nesse período de mudanças e incertezas.

Além dos acolhimentos individuais para quem buscou atendimento, alunos, professores e funcionários participaram virtualmente de várias rodas de conversas temáticas semanais em parceria com o serviço de Psicologia UBAS. Foram mais de dez encontros, no primeiro semestre, que trataram do isolamento social, sentimentos, sono e alimentação na quarentena, dicas culturais, vida universitária durante a pandemia, construção de um novo futuro, entre outros temas.

Foram organizadas diversas rodas de conversa. Foto: Divulgação/NAU

O NAU ainda organizou, em parceria com a UBAS, um mural de solidariedade com orientações sobre diversos assuntos e também realizou café da manhã online para funcionários e professores, sempre com a ideia de estimular a fala e a troca de experiências para a construção de relações .

O trabalho desenvolvido na pandemia tem sido importante para a comunidade. A professora Helene Mariko Ueno, coordenadora do curso de Gestão Ambiental e membra da comissão de saúde comenta:

“Neste semestre, eu mantive contato intenso com os estudantes, por conta da coordenação do curso e das aulas para ingressantes e veteranos. O NAU foi fundamental em vários momentos e sentidos ou situações. O NAU ofereceu escuta para pessoas que preferem conversar com alguém ‘neutro’. Atendi estudantes que, individualmente, queriam uma conversa mais pessoal. Há também as pessoas que preferem a interação e apreciaram os meets nas tardes de 5a. Pessoalmente, também contei com orientações e trocas com as colegas do NAU. Ainda acho que o NAU precisa de maior visibilidade – minha impressão é de que quem procurou o NAU, foi pela minha indicação pessoal, não por se lembrarem das mensagens de divulgação.”

A assistente social Ieda Reis também partilha da opinião da professora sobre a relevância do NAU, especialmente no período da pandemia. “Neste momento de pandemia, com o NAU e com as novas estagiárias e o apoio da psicóloga Kelly, conseguimos oferecer um acolhimento que fortalece a humanidade em nós e contribuímos com o equilíbrio da emoções em tempos áridos.”

E nas palavras da funcionária Denise Regina da Silva, o NAU tem sido um lugar de refúgio. Estudantes que participaram das atividades no decorrer do distanciamento social também deram seus depoimentos:

“A quarentena me trouxe de volta, trouxe o reencontro comigo, para me curar, para me conhecer e mais do que nunca foi necessário uma rede de apoio, e nesta rede está o grupo NAU da EACH/USP com encontros semanais a respeito de diversos temas, me senti acolhida.” Giovanna Luisa .O. Claboxar. Aluna do curso de EFS.

“As vivências compartilhadas proporcionadas pelos encontros do NAU, sobretudo no período de quarentena, contribuíram muito com o apaziguamento dos pensamentos negativos. Perceber que não se está sozinho é reconfortante, e poder ajudar um amigo ou uma amiga nesses encontros é bastante gratificante! Agradeço demais a equipe por contribuir para que esse período seja menos caótico.” Lucas Henrique de Toledo Freitas. Aluno de GA.

Neste período de distanciamento social e de pandemia, as atividades seguem de forma online. Para ter mais informações sobre o NAU e participar das atividades, acesse a página do projeto ou escreva para nau-each@usp.br ou ligue para (11) 3091-1007.

 

 

*Com informações do NAU