Resultados da pesquisa “Bairro Amigo do Idoso no Brás e na Mooca” são divulgados em evento na Mooca

Postado em 17 de abril de 2018

No último dia 3 de abril aconteceu o evento de divulgação dos resultados da pesquisa “Bairro Amigo do Idoso no Brás e na Mooca”. Liderada pela professora Bibiana Graeff, a pesquisa também conta com a atuação das professoras Maria Luisa Bestetti e Marisa Accioly, todas docentes dos cursos de bacharelado e de pós-graduação em Gerontologia da EACH/USP.

O evento ocorreu no auditório do SENAI da Escola Theobaldo de Nigris, na Mooca, e teve por objetivo dar uma devolutiva aos participantes da pesquisa, ao poder público e à população em geral.

Estiveram presentes Sandra Gomes, coordenadora de políticas do idoso do Município de São Paulo; Cláudia Fló, Presidente do Conselho Estadual do Idoso; Walter Mezzetti, chefe do governo local da prefeitura regional da Mooca; entre outras autoridades.

Participaram também ativamente do evento alunos do curso de Gerontologia e da Universidade Aberta à Terceira Idade da EACH, que integram o grupo de teatro “Estrelas do amanhecer”. Sob a direção de Rogério Pimenta, funcionário da EACH, o grupo apresentou esquetes teatrais encenando parte dos resultados da pesquisa.

O estudo, iniciado em 2015, teve por objetivo realizar um diagnóstico de diversos aspectos da ambiência dos bairros a partir do olhar de moradores idosos e profissionais que atuam na localidade. A metodologia aplicada inspirou-se no projeto “Cidade Amiga do Idoso”, da Organização Mundial da Saúde, concebido pelo médico brasileiro Alexandre Kalache e pela pesquisadora canadense Louise Plouffe. Essa iniciativa visa tornar os espaços mais amigáveis a todas as idades, promovendo o envelhecimento ativo da população.

Foram escolhidos os bairros da Mooca e do Brás por serem dois locais tradicionais e que se encontram sob a gestão da mesma Prefeitura Regional (da Mooca), porém que passaram por transformações urbanísticas bastante distintas. Além disso, de acordo com o Censo de 2010, a Mooca tinha 19% de idosos em sua população, percentual muito acima da média da população brasileira, que era de 8,6% naquele ano. O distrito apresentava assim características demográficas que o aproximavam de países ditos desenvolvidos, em termos de envelhecimento populacional.

Na pesquisa concluída no Brás e na Mooca, foram ouvidos 110 participantes através de grupos focais ou de entrevistas individuais (estas realizadas com idosos semidependentes, em razão de uma dificuldade maior de deslocamento para participar das reuniões). Foram realizados oito grupos focais em cada bairro, dividindo os participantes por categoria: moradores idosos, profissionais com atuação no bairro e migrantes internacionais, sendo este último grupo uma especificidade implementada para o bairro do Brás.

Dentre os principais resultados dos grupos focais de moradores idosos e profissionais, destacaram-se, em ambos os bairros, críticas com relação à situação das calçadas e sugestão de plantio de árvores nas ruas. Um aspecto contrastante foi a questão da insegurança relacionada à criminalidade, pois enquanto a Mooca foi considerada um bairro ainda seguro com relação a outros bairros, uma das principais barreiras do Brás apontadas pelos participantes foram os assaltos e o medo de sair de casa, principalmente à noite.

Predominou entre os moradores idosos da Mooca a expressão de um sentimento positivo com relação ao bairro. A grande maioria dos participantes vivia no bairro há mais de 15 anos, muitos deles reconhecendo a existência de um bairrismo, que ficou explícito pelas inúmeras vezes em que a frase: “Mooca é Mooca!” foi mencionada. Já quanto ao Brás, parte dos moradores relatou que gostaria de “morrer no Brás”, que gostariam de permanecer no bairro apesar de seus problemas. No entanto, surgiu entre diversos participantes, de diversos grupos focais, a ideia de que falta maior atenção do poder público com relação aos moradores, em especial os idosos do Brás.

 

* Fotos: Marliete Rodrigues