Alunos da EACH ajudam a desenvolver plataforma web que vai ajudar no descarte de eletroeletrônicos

Postado em 26 de fevereiro de 2016

Um grupo de alunos da USP está desenvolvendo uma plataforma web para auxiliar na localização de cooperativas de catadores treinadas pela Universidade no Projeto Eco-Eletro, com o intuito de indicar um local para o descarte adequado de resíduos eletroeletrônicos. A plataforma também vai beneficiar essas cooperativas, pois o usuário pode informar que tem um equipamento para ser descartado, ajudando na logística de recolhimento. O Projeto Eco-Eletro oferece a capacitação de cooperativas para a desmontagem segura e rentável de eletroeletrônicos.

Cooperativas são avisadas de que há equipamento para ser descartado

Tudo começou durante a etapa brasileira do Climathon 2015, realizado em junho na Agência USP de Inovação, em parceria com o Departamento de Engenharia de Computação e Sistemas Digitais da Escola Politécnica (Poli) da USP e com o Núcleo de Pesquisa em Biodiversidade e Computação (Bio Comp). O Climathon é um desafio mundial proposto pela Climate-KIG, instituto ligado à União Europeia, com o objetivo de buscar soluções inovadoras para melhorar a conservação da biodiversidade nas cidades. “Esse desafio foi um Hackathon, uma competição que ocorreu simultaneamente em vários países. Os participantes deveriam desenvolver, em 24 horas, uma solução ligada a aspectos ambientais e climáticos”, explica Sabrina Gonçalves Raimundo, uma das participantes do grupo e mestranda do Instituto de Biociências (IB) da USP. Posteriormente, o projeto foi apresentado na 21ª Conferência do Clima (COP 21), realizada em dezembro, em Paris.

O grupo brasileiro conta ainda com os alunos de graduação em Sistemas de Informação da Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH), Filipe Filardi de Jesus, Thiago Nobayashi, Victor Edoardo Garcia Ribeiro Valeriano e de Fabiano Sampaio (que integrou o grupo até o final da COP 21).

O grupo desenvolveu um game como proposta inicial. “Conforme o usuário fosse jogando e ultrapassando as diversas fases, ele encontraria os locais para descartar os eletroeletrônicos”, explica. Após serem selecionados na primeira etapa do Climathon, eles foram convidados a aprofundar a proposta e tiveram dois meses e meio para desenvolver um plano de negócios, validar o projeto e fazer alguns ajustes.

Sabrina conta que a ideia principal do grupo sempre foi abordar a questão dos resíduos eletroeletrônicos. Eles conversaram com várias pessoas do setor, entre eles, os especialistas do Laboratório de Sustentabilidade (LASSU) da Poli, coordenado pela professora Tereza Cristina Carvalho, e também do Centro de Descarte e Reúso de Resíduos de Informática (Cedir) da USP. O LASSU desenvolve, em parceria com o Instituto GEA Ética e Meio Ambiente, o Projeto Eco-Eletro.

Separar e vender as peças de um computador para empresas recicladoras é muito mais rentável que comercializar os equipamentos inteiros, como sucata. Porém, nesses equipamentos, são encontrados elementos tóxicos (chumbo, mercúrio, cromo) que podem contaminar as pessoas e o meio ambiente; já outros componentes podem ser reaproveitados, como os metais nobres (ouro, prata e platina); além do ferro, alumínio e plásticos. Por isso, a desmontagem exige treinamento. É isso que o Projeto Eco-Eletro proporciona aos participantes.

Após conversar com várias pessoas, o grupo mudou o plano de negócios e optou por desenvolver a plataforma web. A ideia é que os usuários possam localizar a cooperativa mais próxima ou para irem lá descartar ou para informar a cooperativa sobre a existência de um equipamento para ser descartado, gerando um mapa de demanda. “Pensamos também que a existência da plataforma poderia ser uma maneira de incentivar outras cooperativas de catadores a se interessarem pelo treinamento oferecido pelo Projeto Eco-Eletro”, diz.

A nova proposta foi enviada aos organizadores, em Londres. O projeto foi aprovado e, com isso, eles garantiram a participação na COP 21. No total, 12 grupos de vários outros países apresentaram seus projetos para investidores e empresários de várias partes do mundo. “Foi uma apresentação bem curta, de cerca de 2 minutos. Depois, cada grupo ficou em um stand e pudemos explicar a nossa ideia com mais detalhes”, conta.

Atualmente, o grupo está trabalhando no desenvolvimento da plataforma web, e ainda não há um endereço disponível. “Queremos fazer uma versão para smartphones, com cara de aplicativo, mas sem a necessidade dos usuários fazerem download. A plataforma vai oferecer outros recursos para os cooperados, entre eles, a disponibilização de um fluxo de caixa e um localizador dos lugares onde as cooperativas podem vender as peças retiradas dos equipamentos, entre outras funcionalidades”, comenta Sabrina.

De acordo com a pesquisadora, a plataforma se transformou em projeto para a vida. Ela lembra que eles não se conheciam antes do Climathon. “A gente se conheceu por acaso durante o evento. Por isso, a Universidade precisa investir mais nesse tipo de atividade porque ela abre os horizontes e a gente sai do laboratório”, ressalta.

Foto: Cecília Bastos / USP Imagens

*Da Agência USP de Notícias