Biotecnologia: saiba como será o novo curso da EACH/USP

Postado em 12 de julho de 2017

Quem pretende estudar na USP em 2018 encontrará muitas novidades. Uma delas é o curso de Bacharelado em Biotecnologia. Ele será oferecido na Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH), localizada no campus da USP na zona leste da cidade de São Paulo. Serão 60 vagas no período diurno, sendo 18 para os estudantes que participarem do Sistema de Seleção Unificada (Sisu) e 42 para o vestibular Fuvest, já para o ingresso em 2018.

Mas você sabe o que é biotecnologia e onde as pessoas que se formam nesse curso podem trabalhar? Para tirar essas e outras dúvidas, o Jornal da USP conversou com os relatores do grupo de trabalho para a criação do novo curso da USP e que também serão professores nessa graduação.

A biotecnologia está muito mais próxima do nosso cotidiano do que imaginamos. Desenvolvimento de medicamentos e peles artificiais, produção de biocombustível e de vacinas, controle de pragas agrícolas e plantas transgênicas são exemplos do uso da biotecnologia. Uma das definições sobre a área é a “aplicação de tecnologias que utilizem sistemas biológicos, organismos vivos, ou seus derivados, para fabricar ou modificar produtos ou processos para usos específicos”.

Bactérias e fungos são alguns desses organismos. Eles têm uma aplicação tão variada que inclui desde usos na indústria alimentícia à decomposição de resíduos. Buscar novos seres vivos e pesquisar em quais processos eles podem ser aplicados também fazem parte da biotecnologia. “No caso dos fungos, das espécies existentes, apenas 5% foram estudadas. Há um campo muito amplo a ser pesquisado no uso dos organismos”, destaca o professor Diego Falceta Gonçalves.

Essa multiplicidade de áreas movimenta um gigantesco mercado mundial, representado principalmente pela indústria farmacêutica. “A produção e venda de antibióticos, por exemplo, gira em torno de 55 bilhões de dólares por ano. Países como os Estados Unidos e a Alemanha possuem grandes incentivos para a biotecnologia”, conta a professora Viviane Abreu Nunes Cerqueira Dantas.

Ela explica que o mercado brasileiro de biotecnologia industrial já é reconhecido no mundo todo, principalmente na produção de biocombustível, mas há potencial de exploração em diversos setores, inclusive relacionados à sustentabilidade. “A biotecnologia ajuda a preservar a biodiversidade, com intervenções mínimas no meio ambiente. Cada vez mais, tem se exigido que o desenvolvimento econômico seja acompanhado de uma exploração sustentável para a produção de energia, alimento etc. É a chamada bioeconomia. Por isso a importância de formação de recursos humanos nessa área”, disse Viviane.

Os maiores polos de indústrias na área de biotecnologia estão nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais, de acordo com o professor Felipe Chambergo. “Além de trabalhar em grandes indústrias, existe a opção do empreendedorismo, ou seja, a criação de empresas próprias. Como a biotecnologia está muito relacionada à inovação, suas descobertas possuem grande valor de mercado.”

Biotecnologia pode ser aplicada na agroindústria –  Foto: Wilson Dias/Agência Brasil
                                                                                                    

 

O biotecnologista

O profissional formado no curso de Biotecnologia é chamado de biotecnologista ou bacharel em biotecnologia. No portal do Ministério da Educação (MEC), há o registro de 50 cursos de graduação, em grau de bacharelado, em Biotecnologia no País. “Há um grande espaço de atuação para os egressos do curso porque o Brasil tem poucas pessoas formadas na área e grandes empresas instaladas aqui precisando desses profissionais”, lembra Gonçalves.

Esse será o primeiro curso especificamente de Biotecnologia da USP, mas a Universidade possui duas pós-graduações na área: Biotecnologia Industrial, na Escola de Engenharia de Lorena (EEL), e Biotecnologia, no Instituto de Ciências Biomédicas (ICB).

De acordo com o professor Tiago Francoy, o perfil do aluno que se formará pela USP será de um profissional multidisciplinar com característica inovadora e transformadora. “Vamos preparar o estudante, principalmente, para o mercado, para o desenvolvimento de tecnologias e inovação necessárias para a indústria. Entretanto, sua formação também possibilitará que ele siga a carreira acadêmica.”

Ele ressalta que o curso permitirá ao estudante atuar em qualquer área, mas haverá um enfoque maior para a saúde e a agroindústria.

Alguns campos de atuação para o estudante são a produção de reagentes para laboratório na área de biomedicina e biotecnologia; desenvolvimento de drogas, fármacos, vacinas, anticorpos etc., na área da saúde; controle de qualidade de alimentos, animais e micro-organismos transgênicos para a indústria de alimentos; projetos para qualidade do ambiente, no tratamento biológico de resíduos e em biorremediação em instituições públicas ou privadas.

Infraestrutura da EACH será utilizada para o novo curso – Foto: Gabriel Almeida/EACH
                                                                                                

A grade de disciplinas do curso foi dividida por cinco eixos temáticos:

  • Técnico-científico: resolução de problemas, tratamento e análise de dados, introdução à biotecnologia, matemática, química, introdução à computação; físico-química, química analítica, ciências da natureza, estatística e química orgânica.
  • Meio ambiente: evolução biológica, biodiversidade, sociedade, meio ambiente e cidadania, geologia geral, métodos físicos para detecção da biodiversidade, bioprospecção, formação de solos e reciclagem de nutrientes, ecologia, química ambiental, modelagem ambiental e geoprocessamento, biorremediação.
  • Biomedicina: bioquímica, fisiologia humana, genética, engenharia genética e biologia molecular, farmacologia, microbiologia, imunologia e parasitologia.
  • Humanidades: arte e literatura contemporâneas; sociedade, multiculturalismo e direitos; ética em pesquisa e desenvolvimento; psicologia e educação; gestão; e empreendedorismo e negócios.
  • Tecnologia: mineração de dados, bioinformática, biotecnologia industrial, engenharia bioquímica, projetos aplicados à biodiversidade e produção agrícola, projetos aplicados à saúde.

 

 

*Do Jornal da USP