Pesquisa da EACH aponta que cafeína reduz sensação de fadiga mental e melhora desempenho de ciclistas

Postado em 16 de outubro de 2018

Um estudo realizado no mestrado em Ciências da Atividade Física da EACH/USP indica que a cafeína é capaz de atenuar e reverter a sensação de fadiga mental e ainda melhorar o desempenho de atletas de ciclismo. Atualmente o cansaço mental não está presente apenas na vida de pessoas com rotina agitada por diversas atividades, mas também faz parte do dia a dia de atletas.

Segundo a pesquisa do aluno Paulo Estevão Franco Alvarenga, os atletas com fadiga mental acabam perdendo desempenho e possuem aumento na percepção de esforço para a mesma intensidade de exercício, sem nenhuma alteração fisiológica na musculatura. Dessa forma, surgiu o interesse de estudar possíveis manipulações que revertam os efeitos da fadiga mental sobre o desempenho de ciclistas.

Iniciado em 2016, o projeto de mestrado Efeitos da ingestão de cafeína sobre o desempenho de ciclistas mentalmente fadigados durante um teste de ciclismo contrarrelógio de 20km mostrou que “a cafeína é um recurso ergogênico com efeito potencial para reverter os efeitos da fadiga mental sobre o desempenho”, afirma Paulo Estevão, o qual recebeu orientação do professor Flávio Pires durante a pesquisa. Esse trabalho integra o Grupo de Estudos em Psicofisiologia do Exercício (GEPsE) da EACH.

Previamente selecionados, os ciclistas foram ao Laboratório de Ciências da Atividade Física por quatros vezes e se submeteram ao teste de contrarrelógio de 20km, análise cortical e muscular. Havia uma amostra de ciclistas livre de qualquer manipulação, outra amostra sob o efeito de fadiga mental e nas seguintes os indivíduos mentalmente fadigados faziam a ingestão de cafeína ou placebo.

 

De acordo com o estudo, os ciclistas mentalmente fadigados apresentaram uma redução de 4.8% na ativação do córtex pré-frontal e consequentemente aumentaram o tempo para concluir o contrarrelógio em aproximadamente 1%. No entanto, ao ingerir cafeína, mesmo após a indução da fadiga mental, houve um aumento na ativação do córtex pré-frontal em aproximadamente 8% e redução no tempo de conclusão do teste em 1.8%. “Portanto, os sujeitos ao ingerir cafeína perceberam menos esforço comparados com as demais condições. Além disso, com a ingestão de cafeína, eles apresentaram uma maior eficiência neuromuscular”, destaca Paulo.

A cafeína foi administrada em cápsulas e os ciclistas ingeriram uma dosagem referente à massa corporal de cada um, sendo que foi administrado individualmente 5 mg/kg. Foto: USP Imagens

O estudante ressalta que, mesmo já sendo consumida em nosso cotidiano quando nos sentimos mentalmente cansados, por meio de ingestão de café por exemplo, a cafeína deve ser utilizada para atletas sob orientação de um nutricionista, respeitando as características de dosagem e tempo de efeito da substância.

O projeto de mestrado contou também com a colaboração da professora Florentina Hettinga, da University of Essex, Inglaterra; pesquisador pós-doc e alunos de mestrado da EACH; além de alunos de graduação da Faculdade de Ensino Superior de Bragança (Bragança Paulista).