Pesquisa da EACH-USP revela que as fases do ciclo menstrual alteram as respostas psicofisiológicas em mulheres saudáveis

Postado em 18 de janeiro de 2021

O Aluno egresso de Mestrado em Ciências da Atividade Física, Raul Cosme Ramos do Prado, sob a orientação do professor Ricardo Yukio Asano, acaba de publicar um artigo na revista científica Physiology and Behavior que demonstra que mulheres sentem piores respostas psicofisiológicas durante a fase lútea do ciclo menstrual.

Participaram do estudo 14 mulheres saudáveis, com o ciclo menstrual regular, sem o uso de contraceptivos hormonais e que praticavam atividades físicas regularmente. Elas participaram da atividade em duas fases distintas do ciclo: Folicular e Lútea.

De acordo com o pesquisador, “o ciclo menstrual é caracterizado por flutuações de hormônios sexuais em uma janela regular de aproximadamente 28 dias, que se divide em fase folicular (primeiros 14 dias) e fase lútea (últimos 14 dias). O início do ciclo menstrual e da fase folicular é marcado pelo primeiro dia da menstruação e tem como característica a alta concentração de estrogênio e baixa de progesterona, já na fase lútea, também conhecida como fase pré-menstrual, há o aumento da progesterona e redução do estrogênio, por consequência ocorrem diversas alterações no cérebro que aumentam a sensibilidade a emoções e sensações negativas”.

Durante o estudo, cada participante foi submetida a 4 sessões de exercício em esteiras de 15 minutos, sendo elas: 1) sessão na fase folicular com exercício em intensidade pesada; 2) sessão na fase folicular com exercício em intensidade severa; 3) sessão na fase lútea com exercício em intensidade pesada; 4) sessão na fase lútea com exercício em intensidade severa.

“As mulheres podem estar mais vulneráveis a sentir-se menos motivadas, com menor prazer, maior ansiedade e tensão antes e durante o exercício na fase lútea tanto em exercícios em intensidades moderadas e vigorosas, além disso, se os exercício for realizado em altas intensidades, elas poderão sentir maior percepção de esforço e menor prazer na fase lútea quando comparada com a fase folicular”, afirmou Raul Prado.

Ainda de acordo com o pesquisador, “as respostas psicofisiológicas têm uma forte relação com a aderência a longo

Raul Prado – Arquivo pessoal

prazo ao exercício físico. Sendo assim, baseado nos nossos resultados, há a necessidade que os profissionais de Educação Física atentem-se ao monitoramento do ciclo menstrual e considerem as autopercepções das mulheres durante o programa de treinamento. Isso poderá contribuir para persistência das mulheres no exercício e transformar essa prática uma rotina mais prazerosa.”

Raul Prado concluiu o programa de Mestrado em Educação Física e Saúde em Dezembro de 2019.  Participou American College of Sports Medicine, e no mesmo período realizou o processo de internacionalização com uma visita técnica na University of South Florida – USA, sob a supervisão do professor Marcus W. Kilpatrick.

O estudo foi conduzido pelo Grupo de Estudos em Psicofisiologia do Exercício, com a colaboração de alunos de iniciação científica, pós-graduação e professores. Leia o artigo na íntegra.