Professor da EACH ajudará a coordenar estudo internacional sobre os impactos das mudanças climáticas na Amazônia

Postado em 12 de fevereiro de 2021

Aquecimento global. Desmatamento ilegal. Poluição. Estas são algumas das questões que têm deixado a pauta das “Mudanças Climáticas” entre as mais discutidas e preocupantes dos últimos tempos. Estas mudanças afetam a vida em todos os níveis. Neste sentido, o mundo tem olhado com preocupação para a maior floresta tropical do planeta, a Amazônia.

Para uma parte significativa da Amazônia, os modelos climáticos atuais projetam climas mais quentes e secos no futuro, o que poderia tornar grandes áreas inadequadas para espécies adaptadas às florestas úmidas e aumentar a suscetibilidade da vegetação a incêndios, promovendo a savanização. Isso, por sua vez, reduziria a biodiversidade, a biomassa, o armazenamento de carbono e a produtividade das florestas, além de reduzir ainda mais as chuvas locais e afetar os níveis da água dos rios. Entretanto, o clima da Amazônia também sofreu marcantes alterações no passado geológico, o que provavelmente causou fortes reorganizações da biota amazônica. O conhecimento destes eventos passados pode ajudar a estimar possíveis impactos das mudanças climáticas no futuro.

Foto: Cristiano Chiessi

Para tratar desse tema, um estudo fortemente multidisciplinar intitulado “CLAMBIO – Assessing the effects of past and future climate change on Amazonian biodiversity“, que tem o professor do curso de Gestão Ambiental da EACH/USP, Cristiano Chiessi, como um dos coordenadores, “busca, ao mesmo tempo, gerar uma nova abordagem sobre os prováveis impactos das mudanças climáticas na biodiversidade amazônica, identificar possíveis estratégias de mitigação e ajudar os povos afetados a reconhecer as tendências de mudança ambiental e comunicar suas necessidades aos tomadores de decisões” de acordo com o professor.

Ainda, de acordo com o professor Chiessi, “pretendemos integrar dados paleoclimáticos, sobre a distribuição de espécies, genômica de populações e filogenética de comunidades para reconstruir a história demográfica recente de populações em grupos de plantas e animais selecionados e inferir como as mudanças climáticas passadas afetaram a estabilidade do habitat, a dispersão e as extinções locais.”

Neste sentido, os dados ambientais atuais serão usados tanto para caracterizar habitats adequados e identificar as restrições mais importantes nas distribuições de espécies vegetais e animais, como para modelar a maneira como as distribuições de habitats adequados podem mudar no futuro, dados os cenários climáticos atuais e o provável aumento do risco de incêndios florestais. Esses resultados serão integrados para estimar o grau de singularidade e vulnerabilidade das comunidades biológicas na Amazônia. Como os povos ribeirinhos e indígenas dependem das florestas para sua subsistência, os estudos serão feitos em estreita colaboração com organizações dos povos indígenas nas bacias hidrográficas de dois grandes rios, o Xingu e o Negro.

Foto: Cristiano Chiessi

O projeto foi aprovado em uma chamada da rede internacional BiodivERsA com foco em “biodiversidade e mudanças climáticas”. Esta chamada foi altamente competitiva, com 231 projetos inscritos e apenas 21 aprovados. Ela contou com recursos de 25 milhões de Euros de agências financiadoras de países predominantemente europeus, além da participação do Brasil, com a FAPESP, por exemplo. As propostas aprovadas apresentam marcante internacionalização, contando com pesquisadores de, pelo menos, três nações distintas. A componente do projeto coordenada pelo pofessor Cristiano M. Chiessi é financiada pela FAPESP e será desenvolvida na EACH. O projeto terá a duração de três anos.

Participam do projeto os seguintes pesquisadores:  Hanna Tuomisto, University of Turku, Finlândia (coordenadora geral do consórcio); Florian Wittmann, Karlsruhe Institute of Technology, Alemanha (pesquisador principal); Camila Ribas, Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, Brasil  (pesquisadora principal); Cristiano Chiessi, Universidade de São Paulo, Brasil  (pesquisador principal); e Carlos Peres, University of East Anglia, Reino Unido  (pesquisador principal).

Conheça o site do projeto: https://sites.utu.fi/amazon/research/clambio/

Veja também o link da componente do projeto coordenada pelo Prof. Dr. Cristiano M. Chiessi na Biblioteca Virtual da FAPESP.