Único cenário viável para a humanidade é o desenvolvimento sustentável

Postado em 29 de maio de 2019

Relatório da Organização das Nações Unidas (ONU) aponta o risco de extinção de quase 1 milhão de espécies da fauna e da flora: 559 dos 6.190 animais e plantas domesticados foram extintos, até 2016, e outros mil estão ameaçados. Plantações selvagens, importantes para a sobrevivência do homem a longo prazo, também estão ameaçadas. Tudo isso apesar dos esforços das populações locais. O documento foi o primeiro a contar com a participação de povos indígenas e aborígenes. Eles são ocupantes de um quarto da superfície terrestre, a parcela em que o desenvolvimento econômico deixou menos sequelas. Além do mais, o oceano apresenta uma taxa de poluição por plástico dez vezes maior do que nos anos 80, em razão da lenta decomposição do material e do aumento do uso de embalagens. Ainda sim, os estudos mostram uma saída para essa “sinuca de bico”.

“A intenção não era apenas assustar. Vários alertas foram feitos, como o Relatório Brundtland e o da ECO-92. O intuito não era paralisar as pessoas, mas sim indicar cenários do que pode acontecer, dependendo das opções econômicas e de consumo”, afirma Cristina Adams, professora da Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH), e membro da Plataforma Intergovernamental para Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos (IPBES), iniciativa da ONU, responsável pela pesquisa. Em entrevista à Rádio USP, a professora destaca que “de todas as simulações feitas por software, a única que se mostrou viável, a longo prazo, foi o famoso desenvolvimento sustentável”.

 

Todos os indicadores ambientais estão diminuindo a uma taxa sem precedentes, segundo a pesquisadora. “São necessárias ações urgentes, que envolvem esforços globais dos governos em adotar abordagens integradas de manejo, abordagens econômicas integradas entre diferentes áreas e setores da economia, decisões sobre a produção alimentar, de energia, de infraestrutura e manejo da biodiversidade de uma forma geral”, declara Cristina. “Não dá mais para avaliar economias globais simplesmente pelo crescimento econômico.”

A diretora-geral da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), Audrey Azoulay, alegou que, “após a adoção deste relatório histórico, ninguém poderá dizer que não sabia. Não podemos mais destruir a diversidade de vida. Esta é nossa responsabilidade com as gerações futuras”.

 

*Da Rádio USP