Primeira defesa de tese de Doutorado da Pós-Graduação em Turismo da EACH fecha o ciclo de implantação do Programa

Postado em 19 de dezembro de 2022

Na última sexta-feira aconteceu na EACH/USP a primeira defesa de tese de Doutorado do Programa de Pós-Graduação em Turismo da Escola. Foi um momento histórico para o programa, protagonizado pelo pesquisador Paulo Tácio Ferreira.

”Nós vamos hackear o turismo! Entre roteiros, ‘quebradas’ e resistências na cidade de São Paulo”, é o título da tese de doutorado de Paulo Tácio.

“Minha pesquisa diz respeito à conexão de três assuntos que eu julgo importantes, que são o turismo, o patrimônio cultural e os movimentos sociais das periferias, ou quebradas, da cidade de São Paulo. Foi um trabalho que me deu muita satisfação desenvolver pois coloquei em prática também meus aprendizados adquiridos junto ao programa de Turismo. O programa me deu todas as condições para o desenrolar do estudo. Só tenho a agradecer ao meu orientador, professor Reinaldo Pacheco, e a toda a equipe do PPGTUR da EACH pela forma profissional, ética e transparente com a qual conduzem o programa. Além de tudo estou muito feliz em ser o primeiro Doutor em Turismo da USP. Eu nunca esperava por isso!”, disse Paulo Tácio Aires.

O professor Reinaldo Pacheco, orientador da pesquisa, também falou sobre o trabalho: “a tese do Paulo busca demonstrar que outros ‘turismos’ são possíveis e necessários! Trata-se de investigar como movimentos sociais e coletivos de cultura e patrimônio da cidade de São Paulo tem feito uso das práticas turísticas, mas dessa vez construindo suas próprias narrativas, a partir de seus próprios referenciais culturais e de suas territorialidades.”

O professor Alexandre Panosso, coordenador do Programa de Pós-Graduação em Turismo, pontuou que “o Mestrado em Turismo da EACH/USP iniciou em 2014 e o Doutorado em 2019. A  defesa da primeira tese fecha o ciclo da implantação do doutorado em turismo e abre o ciclo do fortalecimento e ampliação do programa. Essa defesa é o resultado do trabalho sério e comprometido da equipe de docentes, discentes e de funcionários que atuam no programa de Turismo. É uma vitória do coletivo, além disso, posiciona a EACH como importante centro de educação, formação e pesquisa científica na área de turismo no Brasil e na América Latina como um todo.” O professor Alexandre também foi coordenador dos projetos de implantação dos programas de Mestrado e de Doutorado em Turismo da EACH.

Veja o resumo da tese de Doutorado desenvolvida por Paulo Tácio:

A relação entre turismo e movimentos sociais possui algumas décadas de estudos envolvendo diversas disciplinas e campos do saber. Entretanto, na área do turismo o tratamento investigativo deste tema ainda é incipiente.

Esta tese averigua estes dois elementos especificamente na cidade de São Paulo. Os coletivos culturais, como normalmente se autodenominam, não são novidade na cidade, tal como os movimentos sociais.

Ações coletivas com pautas de moradia, educação, saúde, creche, cultura, lazer, contra a carestia já possuem extensa bibliografia. Ao que cabe aqui, detenho-me especificamente sobre coletivos que têm trabalhado em prol da memória, patrimônio cultural e referências culturais de seus territórios.

Estes são os fios que nos levam a tentar entender porque e como muitos coletivos culturais têm acionado o turismo, para além de um instrumento de desenvolvimento local, como também por uma miríade de possibilidades.

É preciso, impreterivelmente, apontar que no ano de 2020 a cidade (e todo contexto planetário) viveu a incidência da pandemia da COVID-19, a qual provocou uma crise sanitária sem precedentes afetando também profundamente o espaço público e as atividades de turismo.

Neste sentido e, diante deste contexto, a pesquisa tem como principal objetivo analisar as narrativas construídas por movimentos sociais, coletivos e ativistas a respeito da cidade, e como estes grupos têm agenciado o turismo em seus discursos e práticas. Assim, foram observadas suas experiências produzidas antes da Pandemia, bem como o que se têm feito no atual momento, incluindo o que se tem discutido e produzido via redes sociais e retomada do espaço público.

A pesquisa se estruturou como um trabalho exploratório, descritivo e interpretativo aos moldes etnográficos acompanhando bem próximo às ações dos sujeitos pesquisados. Partindo dessas conjecturas pode se inferir que estes coletivos, por meio da construção dialógica entre suas narrativas e práticas, vêm reposicionando a temática de patrimônio cultural no turismo, cuja ação não se prende a percepções tradicionais e estanques desta temática.

Diante de uma diversidade de experiências e práticas provocam-nos a repensar as percepções normativas, institucionais e acadêmicas, principalmente do que se reflete hegemonicamente sobre o tema patrimônio cultural na área de turismo. Assim, a partir destas experiências estes coletivos contribuem para a construção de conhecimento em aspectos teóricos e práticos do turismo e o lazer.