Desenvolvimento, Mobilidades e Hospitalidade
NPD - Desenvolvimento, Mobilidades e Hospitalidade
Responsável pela proposta
Sidnei Raimundo - sraimundo@usp.br
Descrição e justificativa do NPD
No pós-segunda guerra mundial, o sentido de "Desenvolvimento" adquiri um novo modelo, quando ocorre a reconstrução de uma nova economia global, que durou até 1973, com a crise do primeiro choque do petróleo. Tal fato se deveu à posição hegemônica assumida pelos EUA, que não tinham sido destruídos pela guerra e, do ponto de vista econômico, pelo acordo de Breton Woods (1944), no qual foi instituído o padrão Dólar-Ouro. A moeda dos EUA transformou-se na principal reserva do mundo. Com isso, os EUA passaram a financiar pesados investimentos em infraestrutura ao redor do mundo. Nesse período, o crescimento real anual do PIB dos países ricos ficou em torno de 5% e não ocorreu recessão expressiva. Contudo, esse modelo começou a ser questionado a partir dos anos 1970 por conta dos problemas socioambientais que o mundo enfrentava, por exemplo: ele não resolveu o problema da pobreza, que alardeava solucionar, e gerou sérios problemas ambientais.
A partir dos anos 1970, aparecem adjetivos ligados à ideia de desenvolvimento na tentativa de quebrar, ou pelo menos alterar esse modelo dominante, como: desenvolvimento regional, desenvolvimento sustentado e sustentável, desenvolvimento social entre outros termos. Passados mais de 40 anos do início dessas discussões, a ideia e os ideais de desenvolvimento ainda fazem parte de um debate acirrado. O foco das atividades deste NPD estará associado à visão de desenvolvimento considerando os problemas socioambientais das localidades estudadas. Quais são os problemas socioambientais e como eles são discutidos e solucionados, são as questões norteadoras a serem discutidas por esse NPD. O foco se dá na análise dos locais (dos sítios) em suas características naturais, sociais, culturais, territoriais, políticas e econômicas, avaliando seus limites e potencialidades para o desenvolvimento de usos da sociedade para as áreas. A diversidade, heterogeneidade e a especificidade de cada local concentram amplas possibilidades de estudo, pesquisa e extensão. Isso permite um processo dialógico, evitando um discurso alienante e permitindo o diálogo acerca de cidadania, participação social e fortalecimento comunitário.
Nessa linha, o embate entre interesses merece ser discutido, no viés da inclusão social. Entende-se tal inclusão não só nos aspectos ligados ao atendimento dos menos favorecidos com trabalho e renda. Isso é importante, mas a inclusão social deve ser pensada como uma distribuição justa dos benefícios do desenvolvimento e a afirmação do sentido de reconhecimento, ligadas às ideias de pertencimento e de empoderamento. Nesse sentido, o desenvolvimento precisa ser entendido a partir das formas de organização local e na análise de como são tomadas as decisões. Trata-se da análise de critérios ligados a prestação de contas, transparência, participação, justiça e diretrizes para o desenvolvimento, para que este seja inclusivo, transparente, com justiça social e não degradando a natureza. Portanto, os benefícios do desenvolvimento incluem bem-estar, afirmação cultural, preservação e conservação ambiental, redução de desigualdades econômicas, entre outros elementos.
Contudo, os locais não estão isolados. Há conexões entre eles, que necessitam ser averiguadas, aflorando as ideias sobre Mobilidades, a segunda palavra-chave deste NPD. A análise das mobilidades permite avançar em relação às características específicas de um local, verificando seu grau de integração como outros sítios. Trata-se de uma abordagem ampla, que pode ser multiescalar, ou seja, relativa ao embate de forças do Global, dirigido pela reprodução do capital, com as resistências locais: os conflitos e alianças surgidas desse embate. Isso porque, a possibilidade de uma globalização hegemônica não se concretizou, mesmo com todo o avanço da economia neoliberal. Diversas comunidades mantém-se viva em seus movimentos de base, com exemplos de outras formas de organização, a contra-hegemônica. Assim, a abordagem das Mobilidades trata da analise das relações externas que o lugar estudado mantém com outros, vizinhos ou distantes. Essas relações podem ser estudadas considerando a acessibilidade e os sistemas de transportes e de comunicação de uma área em relação a outras, que permitem a circulação de mercadorias, pessoas e informação entre estes locais e resultam em centralidades e locais subordinados em seus aspectos socioeconômicos e espaciais. Com isso, pode-se discutir a complementaridade entre locais e os graus de dependência ou dominação de um em relação ao outro. A discussão sobre as mobilidades dos bens e de pessoas resultam numa análise atual, ligadas a motivações de viagem, de busca por ascensão social e/ou econômica, de fuga de áreas de risco, entre outras.
As mobilidades entre locais gera também a necessidade de entendimento da hospitalidade, a partir da análise de como os povos se relacionam, num sentido amplo da dádiva. A hospitalidade, como terceiro elemento integrador deste NPD, busca o enfoque além do que se convencionou chamar de hospitalidade comercial, mas sim associada à ideia ou ideais de reciprocidade entre os povos, ou segmentos de uma dada sociedade. Trata-se de uma abordagem bastante atual, pois diz respeito a uma ampla gama de motivações de conexões ou mobilidades entre grupos, ligados a sua formação cultural, mas também condicionadas pelas políticas governamentais. Pode-se dizer que atualmente alguns governos são menos hospitaleiros, como os EUA ou Hungria, enquanto outros podem ser considerados mais hospitaleiros, como os governos do Canadá ou Noruega. O estudo da hospitalidade permite um resgate e análise dos valores dos povos, evitando abordagens relacionadas ao viés puramente econômico, a que alguns bloqueios de mobilidades estão inseridos atualmente.
Admitindo-se essas informações, as correlações entre os campos do conhecimento do desenvolvimento, das mobilidades e da hospitalidade abrem-se como uma frente importante de estudo interdisciplinar. Nessa ótica interdisciplinar, ressalta-se a colaboração de distintas áreas de conhecimento e com representação na comunidade científica nacional e internacional, propõe-se no presente NPD o desenvolvimento de pesquisas e intervenções e promoção de projetos que possibilitem a compreensão dos mecanismos, ações e estratégias voltadas à temática do desenvolvimento, da mobilidade e da hospitalidade em suas interfaces com as políticas setoriais, ambiente e sustentabilidade, formação profissional, gênero e igualdade social, educação, globalização e vida cotidiana, família e ciclo vital, na relação das comunidades e seus sujeitos envelhecentes, entre outros.
Para além da pesquisa e docência, ressalta-se o valor conferido às atividades de cultura e extensão, com a oferta de atividades essencialmente atreladas aos temas do referido NPD cumprindo o necessário papel integrador com a comunidade em sua diversidade sociocultural.
Espera-se que a inserção do docente nesse NPD se dê a partir de sua experiência específica nas articulações com desenvolvimento, mobilidade e hospitalidade, tanto em nível de graduação como de pós-graduação bem como em sua proposição com o fomento de atividades no âmbito da cultura/extensão.
Participantes - 11 docentes com vínculo administrativo
Alexandre Panosso Netto |
Andrea Viude |
Antônio Carlos Sarti |
Edegar Luis Tomazzoni |
Eduardo Sanovicz |
Edmur Antônio Stoppa |
Glauber Eduardo de Oliveira Santos |
Luiz Gonzaga Godoi Trigo |
Ricardo Ricci Uvinha |
Sidnei Raimundo |
Thiago Allis |
Rita de Cássia Giraldi |
Luis Octávio Camargo |
Docentes sem vínculo administrativo com o NPD, mas que desejam oficialmente com ele colaborar.
Dominique Mouette |
Homero Fonseca Filho, |
Paulo dos Santos Almeida |
Reinaldo Tadeu Boscolo Pacheco |