Obra “O Triunfo de Dom Quixote” é entronizada na EACH

Postado em 02 de maio de 2017

Foi realizada na última quinta-feira, na Biblioteca da EACH/USP, a entronização da obra “O Triunfo de Dom Quixote”, doada pelo artista plástico Enio Squef. Na oportunidade, a diretora da Escola, Maria Cristina Motta de Toledo, acompanhou o autor da obra no ato de descerramento da placa com as informações sobre o quadro.

A sessão de entronização também contou com a presença da vice-diretora da EACH, Neli Aparecida de Mello Théry; do professor Ricardo Uvinha; da chefe técnica do serviço de Biblioteca, Rosa Tereza Plaza; além da presença de membros dos colegiados da EACH e de representantes da comunidade.

Instalado dentro da Biblioteca da Escola, o quadro possui quatro metros de comprimento por três de altura e foi criado no ano de 2005 em comemoração aos 400 anos da primeira edição do “Dom Quixote”de Cervantes. A obra, que esteve em exposição no Sesc Ipiranga e no hospital Première, foi doada por Ênio Squef para a EACH no último mês de janeiro.

O autor do quadro se mostrou feliz em saber que a sua obra ficaria exposta na Biblioteca da EACH: “sinto-me perfeitamente recompensado por ter uma peça minha num ambiente tão nobre quanto a Biblioteca da EACH. É como se os mais de trinta anos que dedico integralmente à pintura tivessem a sua melhor recompensa. Não poderia estar em um lugar melhor” – disse Squef durante o seu discurso na sessão de entronização. Veja algumas imagens do evento.


“O triunfo de Dom Quixote” 

No total, foram retratados 30 dos mais de 200 personagens do livro de Miguel de Cervantes. No centro do quadro, pode-se ver Dom Quixote, montado em seu cavalo Rocinante: ele aponta uma lança para o céu para onde dirige também o seu olhar. Ao seu redor, pode-se ver  o cura, amigo de Dom Quixote, e um dos muitos mouros do livro, além de, dentre outros, uma Dulcinéia idealizada num nicho (amor platônico de Dom Quixote).  O autor do livro,  Miguel de Cervantes, também está no quadro, juntamente com Santo Amaro (em homenagem ao bairro onde a pintura foi feita) e o bandeirante Borba Gato, duas “licenças poéticas”, como as define o pintor, pois nenhum deles foi contemporâneo do livro. No caso do bandeirante, houve a menção explícita à famosa estátua de Júlio Guerra no próprio bairro. O próprio, aliás, pintor aparece de costas, numa referência à metalinguagem muito praticada na obra de Cervantes

No canto do quadro, foi pintada uma natureza morta com frutas tropicais, criada não apenas como atração para Sancho Pança e seu Russo, mas também como uma evocação histórica já que, na época do livro, o Brasil, colônia de Portugal, pertencia à Coroa Espanhola.  Dom Quixote está na parte central do quadro, usando uma armadura com uma faixa laranja: ela representaria a auto-intitulada nobreza do personagem. Veja uma breve descrição do autor sobre a obra.

Sobre o autor

Nascido em Porto Alegre, Enio Squeff iniciou sua carreira como jornalista na “Veja”, transferido-se em seguida para “O  Estado de S.Paulo”, onde foi  editor da Página de artes do jornal. Mais tarde, continuou sua trajetória na  “Folha de S. Paulo”, na qual, além de editorialista, fez crítica musical. Foi a pedido do próprio jornal, que o hoje artista começou a  ilustrar na página três da “Folha”, quando, então, iniciou sua carreira artística.

Para combinar suas duas paixões, de escritor e pintor, Enio Squeff já realizou Ilustrações para mais de cem livros, inclusive alguns de sua autoria. Merecem menção especial o livro “K”, de Bernardo Kucinski, que foi lançado na Europa, no Japão e Israel, sempre com as suas ilustrações e para a obra do português Pedro Almeida Vieira “Crime e Castigo no País dos Brandos Costumes”, lançado em 2012, no Brasil. Essas ilustrações receberam diversas críticas positivas dos países Ibéricos, onde o artista é bem conhecido. Além disso, Enio Squeff ilustrou no ano passado, para a Ateliê Editorial, o “Cancioneiro”, de Petrarca, para o qual realizou mais de 400 ilustrações.

Sua fase pictórica mais recente intitula-se  “Noturnos”, onde são retratadas cenas da noite de diversos lugares, mas com ênfase nas noites paulistanas. Nesta coleção, ele explorou a poética sugerida por Chopin, uma de suas paixões musicais.