Estudante de Obstetrícia coordena ação de assistência a gestantes no Rio Grande do Sul

Postado em 13 de junho de 2024

Em meio aos desafios enfrentados pelas enchentes no Rio Grande do Sul, uma aluna do curso de Obstetrícia da Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo (EACH/USP) tem se destacado por sua iniciativa e dedicação à comunidade local. Elísia da Silva Ramos, estudante de graduação, está à frente de uma ação voltada para a assistência de gestantes no município de Canoas, uma das regiões mais afetadas pelas enchentes.

Elísia coordena um grupo de obstetrizes, todas formadas pela EACH/USP, que atuam como profissionais de saúde voluntárias através do programa SOS Obstetrizes. Esta iniciativa tem sido crucial para fornecer apoio e cuidados necessários às gestantes e puérperas, garantindo que recebam a atenção adequada em um momento de grande vulnerabilidade.

“Quando a catástrofe ambiental tomou lugar no Rio Grande do Sul, eu me vi impelida a voltar para o meu estado em um avião de ajuda humanitária para ajudar minha família, meus amigos e minha terra”, conta Elísia. “Eu trouxe muitas doações em medicação, ajudei na distribuição das mesmas pelo território, mas vi que havia uma demanda grande de profissionais como a que eu um dia serei: obstetrizes.”

Desde o início da ação, o programa SOS Obstetrizes tem tido uma grande relevância, não apenas na prestação de cuidados imediatos, mas também na promoção da saúde e bem-estar das mães e dos bebês. A atuação do grupo tem gerado uma importante repercussão, sendo reconhecida pela comunidade e pelas autoridades locais. “As obstetrizes já mapearam e fizeram atendimento pré-natal de mais de 70 gestantes em abrigos. Elas fazem testes rápidos, ausculta fetal, medicações de altura uterina, preenchem cartões das gestantes e fornecem cartões novos àquelas que perderam os documentos na enchente”, explica a estudante.

Para poder continuar seu trabalho voluntário no Rio Grande do Sul e finalizar o semestre, Elísia realizará atividades domiciliares conforme deliberação da Comissão de Graduação da EACH. Após a conclusão do semestre, ela planeja permanecer na região, pois ainda há muito trabalho braçal de reconstrução a ser feito em diversas cidades. Além disso, Elísia, que é gaúcha, deseja estar próxima de sua família após esse trauma. “Agora, nesse segundo momento, estamos muito envolvidas na contracepção, aplicando anticoncepcionais injetáveis nas que os desejam e começamos a desenvolver um movimento de mutirão de DIU e Implanon. Como apenas 10 das 27 UBS da cidade estão em funcionamento, precisamos pensar em dispositivos de longa duração que não dependam do funcionamento do sistema de saúde”, destaca a aluna.

A dedicação de Elísia e das demais obstetrizes voluntárias reflete o compromisso e a solidariedade em tempos de crise, destacando a importância do trabalho conjunto e da mobilização social em prol da saúde pública. “As obstetrizes oferecem serviços de saúde seguros e sustentáveis, usando menos recursos e gerando menor quantidade de lixo médico hospitalar – assim como propõem um cuidado que é compatível com a situação de calamidade. Temos um olhar culturalmente sensível, empático, respeitoso e podemos levar saúde e evidência científica para os lugares mais inusitados, como um abrigo”, conclui Elísia.

 

*Fotos: SOS Obstetrizes