EACH sedia o VII Encontro de Obstetrícia da Universidade de São Paulo

Postado em 12 de novembro de 2015

O Brasil é campeão mundial de partos cesarianas, prática médica bastante comum em hospitais e que pode trazer inúmeras consequências para a saúde e vida das mães e dos recém-nascidos. Na contramão dessa realidade, profissionais obstetrizes vêm difundindo procedimentos mais humanizados para possibilitar às mulheres formas mais tranquilas de dar à luz seus filhos. Para tratar sobre a atuação desses profissionais e de outros assuntos relacionados à área, além de comemorar os 10 anos do curso de obstetrícia, a Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH) da USP promove nos dias 12 e 13 de novembro o sétimo Encontro de Obstetrícia da USP.

Criado em 2005 na EACH, o curso tem cinco turmas de 60 alunos cada, com duração de 4 anos, em tempo integral. A carreira é direcionada para a formação de obstetrizes – ou parteiras, como são popularmente conhecidas. O objetivo é formar profissionais capacitados para cuidar da saúde de gestantes, parturientes, puérperas, recém-nascidos e familiares, buscando promover a normalidade do nascimento da criança.

Diferentemente do médico obstetra que atua pontualmente no parto, as obstetrizes procuram atender as necessidades físicas, emocionais e socioculturais das mulheres em instituições de saúde públicas ou privadas, como maternidades, Unidades Básicas de Saúde (UBS), centros de partos normais, casas de parto e ambulatórios. Segundo a professora do curso de Obstetrícia da EACH e coordenadora do encontro, Elizabete Franco Cruz, a obstetriz faz somente o parto normal e de baixo risco, e trabalha com a perspectiva de “um parto mais humanizado, colocando a mulher na centralidade do processo da saúde, antes, durante e depois do parto”.

A obstetriz não pode fazer parto cesárea porque é considerado um procedimento cirúrgico e que “só deve ser realizado quando necessário”. A Organização Mundial da Saúde (OMS) afirma que 85% dos partos poderiam ser normais já que apenas 15% das gestações apresentam complicações em que seria necessária uma cesariana.

Motivo de orgulho, o curso de obstetrícia da EACH já passou por momentos tensos e dificultosos, conta Elizabete. Os alunos formados das primeiras turmas tiveram que entrar na Justiça para obter o registro no Conselho Federal de Enfermagem (Cofen) e no Conselho Regional de Enfermagem (Coren-SP) para exercer a profissão. “Depois de muitos embates e discussões, em 2011, tivemos uma vitória e conseguimos que o Ministério Público Federal enviasse recomendação ao Cofen para que o órgão considerasse os registros dos formados no curso de obstetrícia da EACH”.

No encontro que celebra uma década de curso, também comemora-se que a partir de agora os profissionais poderão obter o registro nos órgãos competentes, sem problemas. De 2011 até o momento, esse processo acontecia por meio de liminar.

Entre diversos representantes de instituições nacionais e internacionais, participaram da mesa de abertura a vice-diretora da EACH, professora Neli Aparecida de Melo Théry; a coordenadora do curso de Obstetrícia, professora Nádia Zanon Narchi; o secretário municipal de saúde, Alexandre Padilha; a representante do Conselho Estadual de Saúde, Cássia Tubone; a representante do Fundo de População das Nações Unidas, Anna Cunha; e a representante da Associação Brasileira de Obstetrizes e Enfermeiros Obstetras do Estado de SP, Rosemeire Sartori de Albuquerque. Na abertura, o secretário Alexandre Padilha anunciou que no início de 2016 será realizado o primeiro concurso da cidade de São Paulo para profissionais de Obstetrícia.

Encontro de Obstetrícia

O sétimo Encontro de Obstetrícia da USP, que tem o objetivo de pensar o contexto atual das obstetrizes no Brasil, acontece no auditório azul da Escola de Artes, Ciências e Humanidades.

A programação conta com mesas-redondas, trabalhos científicos e atividades culturais. Os temas em discussão serão “Obstetrizes nos SUS – perspectivas das três esferas de governo”; “Obstetrizes em diferentes contextos de atuação”; Obstetrícia e Movimentos sociais – saúde, direitos e mulheres”; “Obstetriz – cuidado e direitos na perspectiva das mulheres”; e “História e Memórias do curso de Obstetrícia da USP – 2005 à 2015”.

Veja o site do Evento