Cátedra Olavo Setubal inicia censo no Jardim Keralux e Vila Guaraciaba

Postado em 18 de janeiro de 2019

As comunidades do Jardim Keralux e da Vila Guaraciaba, bairros vizinhos à Escola de Artes Ciências e Humanidades da USP, em breve terão um vasto conjunto de informações para que possam planejar e reivindicar ações que promovam sua qualidade de vida, o acesso a direitos básicos e serviços públicos de qualidade e a melhoria da infraestrutura urbana. O mesmo ocorrerá na comunidade do jardim São Remo, localizada ao lado da campus no Butantã, Zona Oeste de São Paulo.

Esses dados serão obtidos por um censo que se iniciou no último dia 15 de janeiro. Os recenseadores são 20 estudantes da USP, todos moradores ou ex-moradores de periferias paulistanas. Da EACH, estão participando uma aluna do programa de mestrado em Mudança Social e Participação Política; e mais quatro alunos de graduação: dois de Gestão de Políticas Públicas, um do bacharelado em Lazer e Turismo e mais um aluno de Gestão Ambiental. Até julho, eles entrevistarão um responsável de cada residência e estabelecimento comercial das três comunidades.

O censo é uma atividade da Cátedra Olavo Setúbal de Arte, Cultura e Ciência, parceria entre o IEA e Itaú Cultural. A coordenação é da educadora e ativista social e cultural Eliana Sousa Silva, atual titular da cátedra e diretora da Redes da Maré, ONG atuante no Complexo da Maré, maior conjunto de favelas da cidade do Rio de Janeiro. Ela coordena ação semelhante na Maré, iniciada em 2011. Eliana visitou a EACH em agosto de 2018 para conhecer mais sobre a Escola e a sua relação com as comunidades vizinhas. Na ocasião, ela foi recebida pela diretora da Escola, Mônica Yassuda, e pelo vice-diretor, Ricardo Uvinha, que também participaram de uma reunião em conjunto com professores da EACH que têm atividades de extensão com as comunidades vizinhas.

O censo permitirá a coleta de diversos dados, como número de habitantes, composição da população por faixas etárias, escolaridade, condições de moradia, infraestrutura urbana, conforto ambiental, atividades comerciais, instituições públicas e privadas que atuam na comunidade e moradores que desenvolvem ações culturais, esportivas e de comunicação.

Ao longo dos anos, a USP tem desenvolvido vários projetos na São Remo, com o intuito de, gradativamente, contribuir para a melhoria das condições de vida na comunidade e o fortalecimento da relação entre professores, estudantes e funcionários da Universidade com os moradores da área. A coordenadora do censo considera que a USP, ao produzir conhecimentos sobre as condições de saúde, educação, cultura, lazer, urbanização e outros fatores, “pode contribuir cada vez mais para a garantia dos direitos de direitos na região”. Os dados populacionais, sociais e econômicos permitirão caracterizar e dimensionar as demandas específicas da comunidade, além de ressaltar suas virtudes e potencialidades, explica Eliana. “Com números e outras informações, vai ser mais fácil para as associações comunitárias, ONGs, órgãos públicos ou qualquer morador mobilizar as pessoas e planejar ou reivindicar melhorias para a comunidade.”

Com direito a bolsa específica para participação no projeto concedida pela Reitoria da USP e identificados com crachá e camiseta, os estudantes farão as entrevistas em três fases: porta a porta, em cada residência (Censo Populacional); nos estabelecimentos comerciais (Censo Econômico); e nas instituições sem fins lucrativos, como escola, posto de saúde, espaços religiosos, ONGs e associação de moradores.

Os resultados do censo serão encaminhados aos comerciantes, entidades e instituições da comunidade, de modo que todos os moradores possam ter acesso a eles. Todas as informações serão prestadas de forma confidencial. Os dados serão divulgados por meio de estatísticas coletivas e nunca de modo a que uma residência ou estabelecimento comercial possa ser identificado. No caso do comércio, a divulgação do nome e endereço do estabelecimento poderá ocorrer se o responsável tiver interesse nisso e conceder autorização formal.

A participação no censo é voluntária. No entanto, “quanto maior for o número de moradores e comerciantes participantes, mais exato serão os resultados e melhores serão os benefícios do censo”, ressalta Eliana.

*Com informações da assessoria de imprensa do IEA